sábado, 19 de agosto de 2017

Rever você

-  Como posso começar a contar minha historia com Luna? - respirava fundo enquanto sentia os olhos do psiquiatra me queimando as costas.
- que tal do começo?-  sua voz era calma e aquilo me apavorava um pouco.
 Tudo o que eu queria era poder chegar em casa, deitar e adormecer na esperança de encontra-la vagando por qualquer sonho meu, ela era simplesmente adoravel, tinha um sorriso radiante, e uma forma de dançar que eu realmente queria sabe como alguém se mexe tanto.
- ela tinha a pele escura como a noite, seu cabelo variava sempre de cores... ela era muito indecisa com tudo, seu único foco era como seria sua vida quando chegasse a vida adulta...e ela ja estava tao perto, dizem que 17 anos é a melhor idade - suspirei e então me acomodei no sofa - mas ela não achava ela e eu podia tentar o quanto fosse e...isso nunca iria mudar - engoli seco parando por ali, não tinha mais o que dizer, qualquer palavra que saísse de minha boca me faria morrer por dentro e soltar todas as flores que ela havia colocado em mim.
Sai da sala, e então observei a janela onde algumas gotas caiam sob o vidro, o inverno ja estava chegando.
- Vamos querido? - a voz de minha mãe ecoa na sala vazia e eu levo o olhar a mesma um pouco desinteressado.
- irei andando.
- Mas...esta uma chuva muito forte la fora!! - ela indaga com um olhar preocupado.
- Não se preocupe comigo. - digo logo saindo pelas escadas para não correr o risco de escutar mais coisas inúteis que ela poderia dizer.
 Ao chegar no T caminho ate a porta e noto que a chuva aumentava.
- quer um guarda chuvas rapazinho? - o porteiro me olha um tanto preocupado.
Faço que não com a cabeça e sigo o caminho ate a porta, ao sair respiro fundo e me sinto aliviado, aquele lugar me esquentava e parecia uma amostra gratis do inferno, começo a caminhar em direção a minha casa, como estava no centro, era claro que demoraria séculos para chegar em casa, aquilo me  tranquilizava bastante, poderia refletir sobre o que estava realmente acontecendo com minha vida, logo eu que não conversava com ninguém, quando começo a conversar, me apaixono e perco a pessoa em menos de oito meses, mas o que poderia fazer, ela deveria ser livre e trilhar o caminho que ela gostaria, eu não poderia impedi-la.
 suspiro e me acomodo em um passeio enquanto encaro o céu, o ar que eu precisava não conseguia respirar, qualquer droga que usasse não alcançaria o apse no qual eu necessitava chegar.
- Qual o seu problema?? - uma voz conhecida surge atrás de mim e me viro e ao notar quem era o choque completava todo meu ser, era ela.
- C-como?
- Olha esta chuva, você é idiota ou algo do tipo?? - Luna parecia mais radiante do que nunca.
- mas..mas...- estava inerte, nada me assustava tanto, eu não sabia como reagir, o que responder, era ela viva, em minha frente.
- levanta logo dai, estou louca pra fumar um! vai me enrolar ou o que? eu sei que você tem! - ela da um tapa em minha cabeça e eu a observo ainda em choque.
- eu tenho sim... mas so vou te dar se me der um beijo!! - me levantei a observando, para tirar minhas conclusões.
- Larga de ser bobo!! - ela riu e então me deu um soco que doeu, eu senti dor, eu não estava sonhando.. ela estava ali! ela estava viva, em um impulso a abraço com toda minha força e sem entender sou retribuído, podia sentir o calor de seu corpo contraído sob o meu.
- o que houve com você? - pergunto surpreso.- você estava em um caixão e agora esta aqui eu não entendo!!
- esta querendo me assustar? eu so fui no mercado!! - ela sorria e então me entregava o isqueiro.- vamos acenda isso!
- eu vou....- estava tremendo mas não queria a decepcionar passo o finório pra ela acender. - a observo e então ela começa a caminhar tampando  a chuva que caia e acende.
- AAAAH... que saudades disso.. eu não fumo faz tempo - ela diz em um sorriso me observando.
- hm..você fumou semana passada...antes de.. - paro por um instante e a observo
- do que? - ela me observa curiosa.
- nada! passa isso pra ca! quer fumar sozinha? - ela ri e passa pra mim, não conseguia tirar meus olhos dela, em carne e osso ela estava em minha frente.
Nos sentamos em um ponto de ônibus de frente a uma loja de donuts ela deita a cabeça em meu ombro.
- Meu Deus eu estou tão chapada, você consegue sentir essa brisa fria entrando em você e te gelando por dentro?- ela suspirava e observava o chão
- Bom eu nunca sinto nada, você sabe como sou...- dou um sorriso e observo a loja.
- sera que quando as pessoas morrem elas se sentem assim? - noto que sua expressão mudava e então ficava séria.
- bom eu não sei...acho que, só morrendo pra saber, quer comer donuts ? - ela sorri e seus olhos brilham.
- eu nao tenho dinheiro mas adoraria... são 18:00 eles acabaram de sair...e aaah o de cobertura de morango... - ela sussurra de tal forma que consigo sentir o sabor em minha boca.
 me levanto e pego sua mão a levando em direção da loja, assim que adentramos ela corre a prateleira sorrindo.
- quero esse, esse, esse e mais esse. - ela estava faminta e eu sorria, o atendente me observa sem entender muito bem.
- o que vai querer rapaz?
- bom nos vamos querer esses..- digo enquanto aponto para alguns.
- mais alguma coisa?
- por favor, aquele milk shake de baunilha esta me chamando!!! - ela gritava, e eu dei uma risada.
- e então senhor?? - ele me observa rindo sem entender, e Luna observa o senhor em duvidas.
- o milk shake de baunilha. - observo luna sem entender e ela sorri pra mim.
- este senhor é surdo - ela murmura rindo - te espero la fora! - vejo a mesma sair e aguardo os doces
Ao sair a observo olhando o céu, e sorrio observando tal cena, e com o celular as pressas registro uma foto do momento, ela estava linda.
- ei.. espero que esteja com fome!!
- você ainda pergunta???
 a observo devorar os donuts sem deixar nada no fim, comi apenas dois, mas aquilo me deixou satisfeito, a observar comer me deixava feliz, a ter comigo me deixava feliz, a observo e quando acabou ela se levantou e me abraçou com toda a força que tinha, queria permanecer assim pra sempre.
- preciso ir, meus pais devem estar preocupados... - ela disse sorrindo, e em um beijo na bochecha ela se despediu e se foi.
 - podemos nos ver amanha ?? - gritei a observando do outro lado da rua.
- Te pego na sua casa as 7!! - ela disse sorrindo e seguiu seu caminho.
 Aquilo me tranquilizava, estava com ela e pude notar que ela estava ali, eu não estava alucinando, ela estava em minha frente linda como nunca, suas roupas de sempre, eu nunca estive tão feliz, segui em direção a minha casa e logo cheguei, olhei o celular e não havia recebido mensagens dela, imaginei que ela estava cansada, deveria descansar um pouco, então mandei uma mensagem na qual dizia ''boa noite! obrigada por hoje.''.
Minha mãe não estava em casa, logo fui pro quarto, tomei um banho longo e quente, me troquei e me deitei, encarei o teto por alguns instantes e logo peguei no sono por conta do fino, amanha seria um dia longo e melhor do que este, pois estaria com ela durante todo o dia .